Estudo de associação entre o receptor 1 do complemento e a hanseníase
Resumo
Resumo: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelos patógenos intracelulares obrigatórios Mycobacterium leprae e M. lepromatosis, os quais invadem macrófagos e células de Schwann. O receptor 1 do complemento (CR1) liga-se a fragmentos C3b/C4b e a lectinas ligante de manoses (MBL) que encontram-se opsonizando a bactéria, facilitando a entrada dessa no fagócito. Nesse trabalho, desenvolvemos PCR multiplex sequência específica (SSP) e haplotipamos nove polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) em 213 pacientes e 297 controles: rs6656401 (1:g.207518704A>G no intron 4), rs3849266 (1:g.207579645C>T no intron 21), rs2274567 (1:g.207580276A>G no exon 22, codificando p.His1208Arg), rs3737002 (1:g.207587428C>T no exon 26, codificando p.Thr1408Met antígeno sanguíneo York), rs11118131 (1:g.207587851C>T no intron 26), rs11118167 (1:g.207608809T>C no intron 28), rs17047660 (1:g.207609511A>G no exon 29, codificando p.Lys1590Glu antígeno sanguíneo McCoy), rs4844610 (1:g.207629207A>C no intron 37) e rs12034383 (1:g.207630250G>A no intron 37), medindo os níveis de mRNA e CR1 solúvel em um subgrupo de até 80 amostras. A distribuição alélica dos SNPs em controles correspondiam ao equilíbrio de Hardy Weinberg. Nós identificamos 18 haplotipos, os quais diferem em frequência entre os grupos etnicos (P<0,000001). Afro-brasileiros portadores do haplótipo *4 apresentaram quase quatro vezes mais susceptibilidade à hanseníase (OR= 3,89, p= 0,003), ao contrário dos portadores do haplótipo *1 que apresentam proteção à doença (OR= 0,24, p= 0,011). Euro-brasileiros com o alelo g.207579645T do rs3849266 intronico apresentam maior susceptibilidade à hanseníase (OR=1,63, p=0,028), especialmente aqueles com o haplótipo recombinante *3B2B.3A2B.3B1 (OR=2,57, p=0,019). O haplótipo *1, em contraste a Afro-brasileiros, foi associado a formas virchowianas em Euro-brasileiros (OR= 3,25, p=0,015). Esses haplótipos permaneceram associados na amostra total, assim como os haplótipos *2 e *2.3B2B, que codificam para o antígeno McCoy p.1590E (OR=2,49, p=0,028). Portadores do alelo g.117682C do rs11118167 apresentaram uma expressão de mRNA maior que homozigotos T/T (p= 0,036). No entanto, Euro-brasileiros com o alelo g.207630250A do rs12034383 apresentaram maior concentração de sCR1 quando comparados a homozigotos G/G (p= 0,0175). Há também uma correlação negativa entre níveis de sCR1 e MBL (r= -0,52; p=0,007). Esses resultados nos levam a sugerir que os polimorfismos de CR1 modulam a expressão do gene e de níveis de sCR1, assim como a susceptibilidade a hanseníase, mas os efeitos associados dependem da origem étnica. Palavra-chave: Hanseníase, polimorfismo de CR1, mRNA, sCR1 Abstract: Leprosy is a chronic infectious disease caused by the obligate intracellular pathogens Mycobacterium leprae and M. lepromatosis, which invades macrophages and Schwann cells. Complement receptor 1 (CR1) binds to C3b/C4b fragments and to mannose binding lectin (MBL) deposited on opsonized bacteria, facilitating bacterial entrance into phagocytes. In this work, we developed a multiplex PCR sequencespecific assay and haplotyped nine single nucleotide polymorphisms (SNPs) in 213 patients and 297 controls - rs6656401 (1:g.207518704A>G in intron 4), rs3849266 (1:g.207579645C>T in intron 21), rs2274567 (1:g.207580276A>G in exon 22, encoding p.His1208Arg), rs3737002 (1:g.207587428C>T in exon 26, encoding p.Thr1408Met of the York blood group), rs11118131 (1:g.207587851C>T in intron 26), rs11118167 (1:g.207608809T>C in intron 28), rs17047660 (1:g.207609511A>G in exon 29, encoding p.Lys1590Glu of the McCoy blood group), rs4844610 (1:g.207629207A>C in intron 37) and rs12034383 (1:g.207630250G>A in intron 37), measuring mRNA and soluble CR1 levels in a subset of up to 80 samples. Distribution of SNP alleles in controls was in Hardy and Weinberg equilibrium. We identified 18 haplotypes, whose frequencies differed between ethnic groups (P<0.000001). Afro- Brazilians with the *4 haplotype presented almost four times increased susceptibility to leprosy (OR=3.89, p=0.003), but those with the *1 haplotype were protected (OR=0.24, p=0.011). Euro-Brazilians with the intronic rs3849266 g.207579645T allele presented higher susceptibility to leprosy (OR=1.63, p=0.028), especially those with the recombinant *3B2B.3A2B.3B1 haplotype (OR=2.57, p=0.019). The *1 haplotype, in contrast to Afro-Brazilians, was associated with the lepromatous form in Euro- Brazilians (OR=3.25, p=0.015). These haplotypes remained associated in the total sample, as well as *2 and *2.3B2B, encoding the McCoy p.1590E antigen (OR=2.49, p=0.028). Carriers of the rs11118167 g.117682C allele presented higher mRNA expression, than T/T homozygotes (p=0.036). Yet Euro-Brazilians with the rs12034383 g.207630250A allele presented higher sCR1 concentration, compared with G/G homozygotes (p=0.0175). There was also a negative correlation between sCR1 and MBL levels (r= -0.52; p=0.007). The results lead us to suggest that CR1 polymorphisms modulate gene expression and sCR1 levels, as well as susceptibility to leprosy, but the associated effects depend on ethnic origin. Keywords: Leprosy, CR1 polymorphism, mRNA, sCR1.
Collections
- Teses & Dissertações [9328]