Os (rel)atos jornalísticos sobre o Instituto Federal do Paraná nas páginas da Gazeta do Povo : uma análise pragmática
Resumo
Resumo: A pesquisa apresentada nesta dissertação faz uma análise pragmática dos usos de linguagem realizados pelo jornal Gazeta do Povo na construção das notas, notícias e reportagens que compõem a cobertura jornalística do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Por meio desta investigação, buscamos responder à seguinte pergunta: quais são as crenças e valores que perpassam os relatos jornalísticos sobre o IFPR produzidos e veiculados pelo jornal Gazeta do Povo entre os anos de 2008 e 2014? Nosso objetivo é compreender as ações que as vozes de jornalistas e fontes de informação realizam nos relatos jornalísticos e as intenções, propósitos e o tom assumido pelo texto que estas ações revelam. A fundamentação teórica desta pesquisa encontra-se nos trabalhos dos estudiosos que tratam da pragmática social e do caráter performativo da linguagem (AUSTIN, 1990; LOXLEY, 2007; MEY, 1993, 2000, 2001; OLIVEIRA, 1993, 2002, 2010; 2012; OTTONI, 1998; RAJAGOPALAN, 2010, 2014) e também nas reflexões dos pesquisadores que se dedicaram a observar o relato jornalístico como um ato de fala, e, consequentemente, uma ação (CHAPARRO, 2007; OLIVEIRA, 1999, 2002, 2010 e 2012). Para a realização deste estudo, foram analisadas 13 matérias jornalísticas publicadas entre os anos 2008 e 2014 – período que compreende a publicação da lei que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) e a conclusão da terceira fase de expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Partimos da compreensão de que os usos linguísticos são uma ação e uma prática social, fortemente marcados pelo contexto em que foram realizados. Assim, na análise pragmática dos relatos jornalísticos que realizamos, buscamos compreender, em cada situação de uso, por meio do contexto da enunciação, as ações realizadas pelas vozes de jornalistas e fontes de informação, bem como o tom, as crenças e valores que expressam. É um estudo de caráter descritivo e interpretativo, em que o pesquisador possui papel ativo no processo de leitura e exame das enunciações contidas em um texto. Nossa análise parte da identificação das ações realizadas pelas vozes de jornalistas e fontes de informação e das forças ilocucionárias que elas carregam, utilizando-se, para tanto, as reflexões sobre classes de verbos ilocucionários desenvolvidas por Austin (1990). As classes de força ilocucionária aparecem em nossa análise como uma ferramenta, que nos auxilia a entender o objeto empírico de nossa pesquisa sem nos limitar, no entanto, à mera descrição e classificação dessas ações. É a partir da identificação destas forças que realizamos a interpretação das ações realizadas pelas vozes de jornalistas e fontes de informação, bem como o tom, as crenças e os valores que o texto carrega. A análise dos relatos jornalísticos nos permitiu concluir que a cobertura jornalística do IFPR pelo jornal Gazeta do Povo no período analisado foi dependente do discurso institucional, carente de contextualização e superficial no que toca à abordagem e às informações divulgadas sobre a instituição e seus fatos.
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