Construção da identidade e escolhas no acesso ao ensino superior : processos de mudança e trabalho psíquico
Visualizar/ Abrir
Data
2006Autor
Cavallet, Susan Regina Raittz, 1955-
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: A educação superior tem sido considerada uma forma privilegiada de acesso a melhores condições de vida. Anualmente, cerca de dez candidatos por vaga se inscrevem para o acesso rs universidades públicas. A universidade é um campo de pluralidade, diversidade, embate, construção de teorias e espaço de dar voz. A maioria das pessoas que buscam a universidade tem como expectativa a formação profissional. Entretanto, tornar-se profissional é uma questao inquietante, pois exige o desenvolvimento da capacidade de propor alternativas sustentáveis e éticas para os desafios pessoais e coletivos de determinado momento histórico, conciliando condições objetivas e desejos. Imersos em mudanças sociais intensas, os candidatos ao ensino superior processam psiquicamente trabalhos substanciais que afetam sua subjetividade. A representação da identidade faz parte da condição do homem como ser produtor e produzido em dada realidade social. Nao se pode abrir mao da representação de si próprio, mesmo que ela só possa ser apreendida em parte. Orientada por múltiplas identificações, a identidade nao comporta o todo psíquico, porém tem importante funçao relacional, apresentando o sujeito e diferenciando-o dos demais. Conviver melhor com a própria diferença e com as diferenças nos outros é propício a qualidade das interações, respossibilidade de sair da estagnação e viver mudanças. A escolha é um processo complexo, com implicaçoes cognitivas, afetivas, conativas e sócio-históricas, no qual a maneira como o indivíduo se percebe desempenha um papel fundamental. O trabalho psíquico de elaboraçao de lutos que se impoe em momentos de transiçao, como a adolescência, é imprescindível para a liberaçao dos recursos subjetivos que podem se renovar pela condição de fazer-se reconhecer e estabelecer trocas. Neste estudo foram investigadas as autorepresentações dos candidatos ao acesso nos cursos de graduação da UFPR em 2005 e os dados dos questionários sócio-educacionais de inscrição para o vestibular no período 2001-2006. Por intermédio de questionários, pesquisaram-se as concepções de 558 estudantes durante suas experiencias no vestibular e no registro academico. Fundamentadas na literatura (relativa a adolescência e início da idade adulta, construção da identidade, escolhas, desenvolvimento, educação e profissionalização), as análises conduziram à visualização de operadores do conceito de auto-representação, articulados em dois eixos - eixo estabilizador (engajamento, relacionamento) e eixo de transição ou movimento (capacidade de superar e empreender) e quatro pontos de conflito (resistência e/ou empuxo ao movimento), representados pelo medo, o isolamento, a insatisfação e a exclusão. O modelo elaborado de Escala de Auto-representação, mesmo estando em fase de confirmação, oferece várias possibilidades de interpretação do conceito e, aplicado em diferentes subgrupos, pode contribuir para ampliar a compreensão dos elementos que se entrelaçam na liberação ou no bloqueio de recursos subjetivos nos processos de mudança.
Collections
- Teses & Dissertações [9289]