Avaliação pré-clínica do potencial efeito antidepressivo da miricitrina em modelos animais
Abstract
Resumo : Tem sido proposto que a inibição do óxido nítirico (NO) tem apresentado efeito antidepressivo em modelos animais, dados estes observados em estudos com animais onde a diminuição da atividade nitrinérgica no hipocampo se mostrou efetiva na reversão do comportamento depressivo. A miricitrina é um flavonóide com ação inibitória sobre a PKC (proteína quinase C) e o NO. Estudos já demonstraram um potencial efeito antinociceptivo, antipsicótico e ansiolítico da miricitrina, podendo também apresentar um potencial efeito antidepressivo, sendo este o alvo do presente trabalho. No presente estudo, os animais (camundongos swiss) foram divididos em dois grupos (estresse e controle), sendo que o grupo estresse foi induzido à anedonia pelo estresse brando repetido e imprevisível (privação de água, comida, constante claro ou escuro, cepilho úmido, caixa inclinada) por 5 semanas. O teste da preferência de sacarose (concentração de 1%) foi realizado em cada semana de estresse em ambos os grupos. Após a indução da anedonia (redução da preferência por solução de sacarose) os animais foram submetidos ao teste de preferência de sacarose, nado forçado (NF) e campo aberto (CA), para o estabelecimento dos parâmetros basais de imobilidade (no teste de NF) e locomoção (no teste de CA). O teste de suspensão pela cauda (TST) foi aplicado posteriormente, em outro grupo de animais, que também passaram pela indução da anedonia mensurada pela preferência de sacarose; após o teste, os camundongos foram sacrificados e suas glândulas adrenais retiradas e pesadas, pois animais com comportamento depressivo possuem hipertrofia das adrenais. Os animais receberam um tratamento por 14 dias com salina (controle), imipramina (20 mg/kg, ip - controle positivo) e miricitrina (10mg/kg, ip), com testes semanais de preferência de sacarose, NF/TST e CA. Como esperado, a imipramina reverteu o comportamento tipo depressivo (aumento na imobilidade e anedonia), assim como reverteu a hipertrofia da adrenal, todos induzidos pelo estresse imprevisível. A miricitrina também reverteu esse comportamento, diminuindo o tempo de imobilidade no teste do nado forçado e aumentando a preferência pela solução de sacarose, revertendo a anedonia induzida e a hipertrofia da adrenal. Portanto, ambas as drogas foram efetivas nesses testes. Nenhum tratamento obteve diferença significativa do grupo controle no teste do campo aberto, no qual se pode constatar que a atividade locomotora não foi alterada. Os resultados obtidos suportam a hipótese de que a miricitrina é um potencial antidepressivo em doses que não prejudicam a atividade locomotora. Os resultados obtidos com a imipramina validam os procedimentos e a eficácia dos testes realizados.
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