Ecologia alimentar de Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) no litoral do Paraná
Date
2012Author
Gama, Luciana Rolinski, 1990-
Metadata
Show full item recordSubject
QuelonioTartaruga marinha - Nutrição
xmlui.dri2xhtml.METS-1.0.item-type
Monografia Graduação DigitalAbstract
Resumo : A tartaruga-verde (Chelonia mydas) é a espécie de tartaruga marinha mais frequente no litoral do Estado do Paraná e utiliza esta área para alimentação e desenvolvimento. C. mydas é uma espécie primariamente herbívora, alimentando-se principalmente de fanerógamas marinhas, como a Halodule wrightii, e de diferentes espécies de macroalgas. A diversidade de nichos tróficos existentes no litoral paranaense, como manguezais, costões rochosos, bancos de fanerógamas marinhas, sustentam a presença da espécie forrageando na área ao longo do ano inteiro. Neste estudo, 80 espécimes de tartarugas-verdes juvenis foram coletados mortos em monitoramentos de praia realizados entre os municípios de Matinhos e Pontal do Paraná (sul do Brasil), ou obtidas com apoio da comunidade local e órgãos gestores. Os tratos digestórios dos espécimes foram removidos e o conteúdo alimentar foi examinado, identificado e mensurado. Os resíduos também foram mensurados, além de terem estimada sua área de ocupação no compartimento em que foram encontrados, e triados quanto ao tipo, cor e tamanho. As frequências de ocorrência, gravimétrica e volumétrica dos itens alimentares foram calculadas e analisadas estatisticamente para a amostra total (2008-2012), para os anos, para as estações do ano, e para as classes de tamanho, com o objetivo de avaliar as variações na dieta. O índice alimentar foi calculado para identificar qual é o item mais importante na dieta de C. mydas; e uma análise gráfica foi realizada com a plotagem do diagrama de Costello. Verificou-se que houve variação estatisticamente não significativa na dieta de C. mydas, quando comparado os resultados obtidos entre anos de 2004-2007 (Guebert, 2008) e 2008-2012 (presente estudo), como também entre as estações, e variação significativa entre as classes de CCC, sendo que os espécimes de menor CCC apresentaram uma maior diversidade alimentar quando comparados com os espécimes de maior CCC. Foram identificados 17 itens pertencentes à dieta da tartaruga-verde, os quais variam possivelmente de acordo com sua disponibilidade no meio. Sete espécies foram relatadas pela primeira vez para os espécimes com ocorrência no litoral do Paraná. Halodule wrightii foi o item vegetal mais frequente, sugerindo, conforme o diagrama, uma dieta oportunista e especialista. Na ausência de H. wrightii, a tartaruga-verde assume uma dieta oportunista e generalista, verificada pela maior diversidade alimentar. Nos espécimes de menor CCC, a maior diversidade alimentar foi explicada ao habitat pelagial de plataforma destes espécimes anterior ao recrutamento, refletindo um maior consumo de itens de origem animal, incluindo cefalópodes de habitat também oceânico. Resíduo antrópico foi o item mais frequente no trato digestório de todos os espécimes, apresentando uma frequência de ocorrência de 68,8%. O principal resíduo consumido foi plástico simples (49,7%) e colorido (34,3%). O alto consumo de resíduos antrópicos é indicador de poluição ambiental nas áreas de ocorrência da espécie, as quais fazem parte do Oceânico Atlântico Sul-Ocidental (ASO), importante área de deslocamento para as tartarugas-verde. Faz-se necessária, portanto, a conservação do litoral do Paraná, por ser área de forrageamento, desenvolvimento e de intensa migração de C. mydas.
Collections
- Bacharelado [1144]