Variação temporal de foraminíferos e tecamebas na Foz do Rio Faisqueira (Baía de Antonina, Paraná, Brasil) e suas correlações com parâmetros ambientais
Resumo
Resumo : Durante 13 meses (fevereiro de 2003 e março de 2004) foram realizadas amostragens mensais para conhecer e analisar as variações temporais das associações de foraminíferos e tecamebas recentes numa área próxima à foz do Rio Faisqueira (Baía de Antonina, Paraná). Para identificar correlações entre as variáveis que influenciam os padrões de distribuição, os seguintes parâmetros foram analisados: granulometria do sedimento (composto principalmente por silte), teor de matéria orgânica (10,47 a 24,36%), carbonatos totais (0,94 a 20,25%), concentração de clorofila-a e feopigmentos (variaram de 0,55 a 19,48 µg.gsed-1 e de 4,17 a 12,41 µg.gsed-1 , respectivamente), salinidade de superfície e fundo (variando de 1,3 a 20) e temperatura de superfície e fundo (variação entre 16ºC a 32ºC), oxigênio dissolvido (variou de 41,28% a 92,19%, com valores mais altos no inverno), transparência da água (maior transparência durante o inverno e início da primavera) e pluviosidade (tendência a verões chuvosos e invernos secos). Foram registradas 11 espécies de tecamebas e 52 de foraminíferos. A maioria das espécies identificadas tem carapaça aglutinante, bastante comuns em regiões de estuários com grande influência fluvial. As espécies mais abundantes foram Ammotium salsum, Arenoparrella mexicana e Ammobaculites exiguus. As poucas espécies de carapaças calcárias que foram encontradas podem indicar uma fraca influência marinha na área de estudo. A presença de tecamebas, mesmo que em baixa frequência, indica que elas vivem em regiões à montante da área de estudo e estão sendo transportadas. A densidade variou de 7 a 155 indivíduos vivos por 50 cm3 de sedimento. Três agrupamentos foram destacados durante as análises, um caracteriza o período de verão de janeiro de 2004, o segundo caracteriza os demais períodos de verão (fevereiro de 2003 e 2004 e dezembro de 2003) e a maioria da primavera (setembro e outubro de 2003), e o último caracteriza o período de inverno (junho, julho e agosto de 2003) e outono (março, abril e maio de 2003) e o mês de primavera de novembro de 2003. O primeiro grupo está relacionado à alta concentração de clorofila-a, densidade alta de foraminíferos e alta pluviosidade; o segundo agrupamento às altas temperaturas da água do verão e o alto teor de matéria orgânica no sedimento, e o terceiro, de outono e inverno, às salinidades mais altas e maiores teores de oxigênio dissolvido. Correlações significativas entre a clorofila-a, fauna viva e pluviosidade indicam que um incremento nos nutrientes inorgânicos, carreados via pluvial/fluvial aumentam o número de produtores primários (verificação indireta pelas altas concentrações de clorofila) e por consequência, houve um aumento na densidade de foraminíferos (consumidores primários). Os dados de clorofila-a, feopigmentos e matéria orgânica, além do índice de hidrodinâmica, mostram que o ambiente na foz do Rio Faisqueira tem condições favoráveis à deposição. O conhecimento da dinâmica estuarina local, aliado à caracterização das associações das espécies de foraminíferos e tecamebas ali existentes, pode fornecer subsídios importantes para estudos mais consistentes sobre as variações paleoambientais locais, além de propiciar uma melhor compreensão para possíveis avaliações de impactos ambientais na área.
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- Bacharelado [1169]