dc.description.abstract | Resumo: A posição que o jornalismo ocupa na sociedade está assentada sobre certos pressupostos. Um deles é o de que a imprensa é imparcial, a-ideológica, retrato fiel dos acontecimentos. Para se afirmar desta forma, o jornalismo tem que, ciente ou não, se valer de um conceito de língua como um código neutro. Apenas um código neutro permitiria que o jornalismo transmitisse informações de forma também neutra Tal conceito encontra eco em teorias lingüísticas estruturalistas, como a de Ferdinand de Saussure. Junto com a neutralidade, a objetividade jornalística é outro cânone questionável. O jornalismo, calcado na tese de que trabalha com fatos, produz discussões conceituais e normas sobre a possibilidade e métodos necessários para a construção de um conhecimento objetivo. A presente tese propõe que o material com que trabalha o jornalismo não é composto de fatos, mas, majoritariamente, de signos ou de acontecimentos que ganham valor sígnico. Portanto, discutir e/ou buscar a objetividade não é pertinente. Tanto do ponto de vista da neutralidade do código quanto da matéria prima da qual se serve o jornalismo, é necessário um conceito de língua, signo ou palavra que apresente um maior potencial de análise e crítica. Uma real compreensão do jornalismo, como fazer lingüístico, depende, necessariamente, de uma compreensão de língua que leve em conta sua real inserção na sociedade. A crítica proposta por esta tese, no cadinho fervilhante de questionamentos aos quais o jornalismo está sujeito, busca apontar o papel ideológico desempenhado, na sociedade, pelo fazer jornalístico, tendo em vista um conceito de ideologia distinto do conceito marxista clássico, que tem guiado boa parte das críticas acadêmicas. Por este caminho, os conceitos de utopia e de ideologia de Paul Ricouer e os estudos produzidos pelo russo Mikhail Bakhtin apresentam-se como uma das melhores alternativas para a compreensão do jornalismo. Isto implica uma rejeição do modelo estruturalista e da discussão de objetividade jornalística. Os conceitos vinculados a estas formulações teóricas são poucos explicativos e menos abrangentes que a dialogia bakhtiniana. | pt_BR |