Padroes de residencia do golfinho Sotalia guianensis (Cetacea, Dephinidae) na Baía de Babitonga, litoral norte de Santa Catarina, Brasil

Abstract

Resumo: Durante o período de setembro/2000 a agosto/2004 estudaram-se os padrões de residência de Sotalia guianensis na Baía da Babitonga, litoral norte de Santa Catarina. No período de setembro/2000 a fevereiro/2003 foi utilizada a técnica de fotoidentificação (observação direta=55 horas; n=2.707 fotografias; aproveitamento=13,55%) com a identificação de 50 animais. No período de agosto/2003 a gosto/2003 foi utilizada a técnica de videoidentificação (observação direta= 24 horas; n=312 quadros; aproveitamento=41,6%) e foram identificados 19 animais. Analisando-se o período total (34 meses) foram observados taxas de residência que variaram de 2,9% (n=1 avistagem) a 67,6% (n=23 avistagens). Quase a metade dos animais (n=19; 37,2%) foi considerada residente, com taxas de residência iguais ou superiores a 11,7%. Apenas 10 (19,6%) animais foram considerados não residentes. Analisando a ocorrência dos animais ao longo dos cinco anos amostrados, observa-se que 16 animais identificados (31,3%) ocorreram ao longo de mais de três anos de estudo e um quarto (n=13; 25,4%) dos animais ocorreram em apenas um ano. O maior tempo de avistagem contínua foi de 8 anos para um animal, considerando estudos anteriores. Foram encontrados seis tipos de marcas na nadadeira dorsal dos animais: mutilação, particularidades ou contorno de silhueta, "nicks", arranhões, áreas esbranquiçadas e patologias de pele. A marca com a maior duração foi a de mutilação (3013 dias) e as de menor duração foram os arranhões (20 dias). A área de vida de S. guianensis alcançou uma média de 29,15 km² (kernel 95%) e de 4,39 km² (kernel 50%). Através do método do Mínimo Polígono Conexo, foi encontrada área de vida menor, com média de 12,07 km². Dentre os animais considerados observa-se que todos eles exibiram algum grau de sobreposição entre suas áreas de vida, que se concentraram na porção central da Baía da Babitonga. A Baía da Babitonga representa uma área de grande importância para a população de S. guianensis estudada, com grande parte dos animais utilizando a área durante todo o ano, provavelmente com taxas muito baixas de saída da Baía

Abstract: From september/2000 to august/2004 a study on the residence patterns of Sotalia guianensis was carried out in the Babitonga Bay, north coast of Santa Catarina State. Photoidentification techniques were applied from september/2000 to february/2003 (55 hours of direct observation; n=2,707 photographs taken; 13,55% of them with good quality) when 50 animals were identified. From august/2003 to august/2004 19 animals were identified from videoidentification technique (24 hours of direct observation; n=312 frames; 41,6% of them with good quality). Considering the whole period of study (34 months) residence rates varied from 2,9% (n=1 sighting) to 67,6% (n=23 sightings). Almost half of the animals (n=19; 37,2%) were considered as residents, with residence taxes of 11,7% or more. Only twenty percent (n=10) of the animals were considered as non residents. Along the five years of study it was observed that more than thirty percent (n=16) of identified individuals occurred on three years, and twenty-five percent (n=13) occurred only on one year. The longest period of occurrence reached eight years for one individual. Six different types of marks were found on animals: mutilation, shape, nicks, scars, uncolored areas, and marks from skin diseases. Mutilations remained visible for the longest period of time (3013 days) while scars disappeared in 20 days. Mean home ranges was 29,15 km² ( by the kernel 95% estimator) and 4,39 km² (by kernel 50%). By the Minimum Convex Poligon estimator the mean home range was about 12,07 km². Considering all animals, all of them exhibit some degree of overlap in home ranges that were mainly situated in the central portion of the bay. The Babitonga Bay represent an area of great importance for the studied population of S. guianensis, with most of animals using the area troughout the year, probably with low rates of exits from the bay.