Reaçoes de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) ao seu virus de poliedrose nuclear : respostas a isolados geograficos, suscetibilidade de instares larvais, consumo e controle em Triticum aestibum L.
Resumo
Resumo: No Brasil, a lagarta-do-cartucho do milho, Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) pode causar perda de até 30 % na cultura do milho. Em trigo é a principal desfolhadora das lavouras situadas acima do paralelo 24°S. Os vírus de poliedrose nuclear (VPN) constituem-se em promissores candidatos a agentes de controle microbiano da praga, podendo substituir os inseticidas químicos rotineiramente usados, pois, além de potencialmente eficientes, são, ao contrário daqueles, seletivos aos inimigos naturais, seguros para o homem e não agridem o meio ambiente O trabalho teve por objetivos avaliar os seguintes aspectos relativos ao vírus de poliedrose nuclear (VPN) de Spodoptera frugiperda: suscetibilidade larval aos isolados geográficos do VPN; resposta diferencial de instares larvais ao VPN; efeito da infecção virai sobre o consumo de folhas de trigo e o potencial do VPN no controle do inseto em casa de vegetação. Os experimentos em laboratório foram realizados mediante bioensaios com larvas de S. frugiperda, à temperatura de 26 ± 2°C, umidade relativa de 60 ± 10 % e fotofase de quatorze horas. Os sete isolados geográficos testados foram coletados no Brasil (Sertaneja e Ponta Grossa, PR, e Sete Lagoas, MG), na Argentina, na Guatemala e nos Estados Unidos da América (Alabama e Louisiana). Verificou-se que o vírus obtido em Sertaneja foi o mais virulento dentre todos, com concentração letal média (CL50) de 5.631 corpos poliédricos de inclusão (CPI)/ml de dieta, sendo cerca de 4,5 vezes mais virulento para larvas de segundo instar que 0 de Sete Lagoas, o qual apresentou a menor atividade a S. frugiperda (CL50 = 25.310 CPI/ml de dieta). O isolado da Guatemala foi o segundo em ordem de virulência, embora tenha sido superior, em termos estatísticos, apenas aos obtidos na Louisiana e em Sete Lagoas. Através dos dados de suscetibilidade de instares larvais de S. frugiperda ao VPN, observou-se que as larvas inoculadas nos primeiro e segundo instares foram igualmente suscetíveis, enquanto as de terceiro e quarto instares foram, respectivamente, 2,9 e 17,0 vezes menos suscetíveis que as de segundo instar. As de quinto e sexto instares foram pouco afetadas, mesmo em concentrações extremamente elevadas do patógeno. Larvas não contaminadas pelo VPN consumiram, em média, 140,0 cm2 de folha de trigo da variedade BR 23. Por outro lado, as infectadas pelo VPN no segundo instar tiveram seu consumo reduzido em 95,7 %, enquanto as infectadas nos terceiro e quarto instares reduziram seu consumo em 89,9 e 80,6 %, respectivamente. Já as de quinto e sexto instares, praticamente não reduziram de forma substancial suas capacidades alimentares, quando infectadas pelo VPN. Para avaliar o potencial do VPN no controle de S. frugiperda, sob condições de casa de vegetação, semeou-se trigo (cv. BR 23) em baldes de plástico, sendo as plantas infestadas no estágio de afilhamento pleno com larvas neonatas do inseto. Após dois dias, os baldes foram levados para fora da casa de vegetação e distribuídos em blocos casualizados, sendo as plantas pulverizadas com sete doses crescentes do VPN (0,57x1012 a 6,45x1012 CPI/ha), além da testemunha não tratada, e depois reintroduzidas na casa de vegetação. Após quatro dias, as larvas foram coletadas e mantidas em dieta artificial no laboratório. Verificou-se que as duas menores doses (0,57x1012 e 0,85x1012 CPI/ha) proporcionaram modalidades de 12 e 84%, respectivamente, enquanto que doses a partir de 1,28x1012 CPI/ha causaram modalidades iguais ou superiores a 98 %. Há necessidade de se verificar o efeito de doses do VPN mais virulento, o de Sertaneja, PR, sobre a S. frugiperda ao nível de lavoura de trigo. Em pesquisas a realizar-se para tal fim, o patógeno deve ser dirigido contra larvas dos dois primeiros instares larvais, pois estas, além de serem mais suscetíveis ao VPN, reduzem o consumo de área foliar de trigo em mais de 95%, quando infectadas pelo mesmo. Abstract: In Brazil, the fall armyworm, Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) can cause corn yield losses up to 30 %. As for wheat, it is the most important defoliating just above the 24° South parallel. It has a nuclear polyhedrosis virus (NPV) which is being studied as a potential biocontrol agent. It could be substituted for the chemical control insecticides commonly used with the advantage of being harmless to the pest natural enemies, to man and the environment. This work had the objectives of studying different aspects related to the nuclear polyhedrosis virus (NPV) of Spodoptera frugiperda, such as: larval susceptibility to geographical isolates of the NPV; differential susceptibility to the NPV among larval instars of the insect; effect of viral infection on consumption of wheat leaf area by insect larvae; and potential of the NPV to control S. frugiperda under greenhouse conditions. The laboratory experiments were performed through bioassays with S. frugiperda larvae at controlled environmental conditions (temperature = 26 ± 2°C, relative humidity = 60 ± 10 %; and photophase = 14 hours). The seven geographical isolates tested were originally collected in Brazil (Sertaneja, Ponta Grossa and Sete Lagoas), in Argentina, in Guatemala and in the United States of America (Alabama and Louisiana). The one from Sertaneja was significatively more virulent than the others, with a median lethal concentration (CL50) of 5,631 polyhedron inclusion bodies (PIB)/ml of diet. Its virulence was about 4.5 higher to second instar larvae than the isolate from Sete Lagoas, which was the least virulent to S. frugiperda ( C L 50 = 25,310 PIB/ml of diet). The Guatemala isolate was second in virulence, but was significatively more virulent only than those obtained in Louisiana and Sete Lagoas. Larvae inoculated as first and second instar were equally susceptible to the NPV, while third and fourth-instar larvae were, respectively, 2.9-and 17.0-fold less susceptible than second-instar larvae. Those inoculated as fifth and sixth instars presented very low mortality rates by the NPV, even at extremely high doses. Check (untreated) larvae consumed an average of 140 cm2 of wheat leaf area (cv. BR 23). On the other hand, those infected by the NPV in the second instar reduced their consumption by 95.7 %, while those infected in the third and fourth instar decreased consumption by 89.9 and 80.6 %, respectively. Feeding activity of fifth-and sixth-instar larvae was not substantially affected by the NPV. In order to evaluate the potential of the NPV to control S. frugiperda, under greenhouse conditions, potted wheat plants (cv. BR 23) at full tillering were infested with neonate larvae. After two days the potted plants were distributed outside the greenhouse in a randomized block design and sprayed with seven increasing dosages of NPV (0.57x1012 to 6.45x1012 PIB/ha). The plants were reintroduced in the greenhouse and the larvae were allowed to feed on the plants for four days, when they were collected and placed on artificial diet for daily evaluations of mortality. The two lower doses (0.57x1012 and 0.85x1012 PIB/ha) caused larval mortality of 12.0 and 84 %, respectively, while doses starting at 1.28x1012 PIB/ha provoked mortalities of 98 % or higher. There is a need for verifying the effect of the most virulent NPV, the one from Sertaneja, PR, on S. frugiperda at wheat field level. For this purpose, future research work must be done with the pathogen applied on larvae at the two first stages. Those two stages were chosen because the larvae are more susceptible to NPV and because the virus can cause more than 95 % decrease on the wheat leaf consumption.
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