Processo de agrotransformação em Guignardia citricarpa
Abstract
Resumo : O fungo Guignardia citricarpa (Anamorfo: Phyllosticta citricarpa), é o agente causador da Mancha Preta dos Citros (MPC), uma doença que causa grandes prejuízos em diversas áreas produtoras de frutas cítricas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. O Brasil é o maior produtor de laranjas e de suco de laranja do mundo e a lucratividade do setor seria ainda maior caso as perdas, devido ao ataque de patógenos, não apresentasse tamanha magnitude. Muitos estudos têm demonstrado que a bactéria fitopatogênica Agrobacterium tumefaciens, freqüentemente utilizada em procedimentos de transformação de plantas, possui a capacidade de transferir parte do seu DNA (T-DNA) presente em seu plasmídeo Ti também para fungos. Plasmídeos contendo o gene gfp, que transcreve para a produção da proteína GFP, têm sido amplamente utilizados como marcadores genéticos para investigação dos processos de infecção e colonização do fungo no hospedeiro. O desenvolvimento de um protocolo de transformação genética para o fungo G. citricarpa representa um importante passo para a sua caracterização e para o estudo da interação planta-patógeno. Neste trabalho foi descrita a transformação genética da linhagem de 33/05 de G. citricarpa mediada pela bactéria A. tumefaciens. Primeiramente a linhagem EHA105 de A. tumefaciens foi transformada com o vetor pPZP201BK, o qual contém o gene GFP e o gene de resistência ao glifosinato de amônio, para posterior transformação do fungo. Também foram realizados testes com a linhagem 33/05 de G. citricarpa para verificar sua sensibilidade ao composto glifosinato de amônio, assim como para otimizar as condições de crescimento para agrotransformação. A linhagem 33/05 mostrou-se sensível ao glifosinato de amônio, sendo possível, portanto, a sua utilização no processo de transformação como marcador de seleção dos transformantes fúngicos. A amplificação do vetor pPZP201BK foi realizada transformando-se a linhagem DH10B de E. coli através da metodologia de cloreto de cálcio seguido de choque térmico. Posteriormente, a bactéria A. tumefaciens foi transformada com este vetor utilizando-se a mesma metodologia. Para a transformação do fungo G. citricarpa foram utilizados os protocolos desenvolvidos para a transformação dos fungos Metarhizium anisopliae e Fusarium circinatum, com algumas modificações. No total, foram obtidas 16 colônias de G. citricarpa transformantes sendo que, o co-cultivo com duração de 72 horas foi aproximadamente 50% mais eficiente do que a transformação obtida em 48 horas. Além disso, os transformantes só foram visualizados quando as etapas de pré-cultura do A. tumefaciens e o co-cultivo foram realizadas na presença de acetoseringona. Parâmetros relacionados ao co-cultivo como tempo de duração, temperatura e pH, também são importantes para a agrotransformação. O desenvolvimento de um protocolo de transformação genética para o fungo G. citricarpa representa um importante avanço no estudo da interação planta-patógeno.
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