Ocorrência da fibropapilomatose em tartarugas marinhas no litoral do Estado do Paraná
Abstract
Resumo : A fibropapilomatose é uma doença neoplásica caracterizada pela presença de tumores benignos externos e internos que afeta globalmente as tartarugas marinhas, sendo uma ameaça a estas espécies já em perigo de extinção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ocorrência da fibropapilomatose e caracterizar os tumores em tartarugas marinhas no litoral do Estado do Paraná. As informações sobre a ocorrência da doença foram obtidas do banco de dados do Projeto Tartarugas, analisado para o período de abril de 2003 a outubro de 2009. As tartarugas mortas coletadas foram submetidas a dissecação e coleta de dados biométricos, e examinadas quanto à presença de tumores externos indicativos da doença. Foram registradas 25 tartarugas-verdes (Chelonia mydas) acometidas por tumores, e amostras de lesões de 12 tartarugas analisadas histopatologicamente foram positivas para a doença. O primeiro registro ocorreu em 2005, e a freqüência da doença variou de 0% a 28%, sendo a prevalência geral da doença para a espécie de 9,96%. A maior ocorrência de registros ocorreu na primavera e inverno, com onze e sete casos respectivamente. As tartarugas afetadas foram encontradas nas praias de Pontal do Sul, Shangrilá e Ipanema, na águas internas da Baía de Paranaguá e praias da Ilha das Peças e Ilha das Cobras. A média do comprimento curvilíneo da carapaça dos exemplares afetados foi 47,5 cm e os tumores estavam distribuídos na região inguinal (91,3%), região axilar (82,6%), região cervical (43,5%), nadadeiras anteriores (26,1%), nadadeiras posteriores (13%), carapaça (13%), região caudal (8,7%) e plastrão (8,7%). 78% dos tumores estavam localizados simultaneamente na região anterior e posterior, sendo nove exemplares afetados somente na região inguinal e axilar. Os tumores apresentaram textura verrucosa (81,6%), lisa (7,6%) e mista (10,8%). Houve registros nas oito classes de quantidade tumoral, com predomínio da classe 3. O número de tumores presentes variou de 1 a 36, e a média foi de 12 lesões tumorais. Em relação ao tamanho, os tumores foram categorizados apenas nas três primeiras classes com predomínio da segunda categoria. Os valores variaram de 0,4 a 9,2 cm, e a média foi 2,1 ± 1,5 cm. Para a severidade da doença, o escore 2 foi predominante com 60% dos indivíduos afetados, seguido do escore 1 e 3, ambos com 20%, caracterizando uma forma mais branda da doença na costa paranaense. A área acometida pelos tumores nas tartarugas-verdes variou de 4,7 cm2 a 247,9 cm2 , e a média foi de 51 ± 69 cm2 . Valores maiores de áreas tumorais corresponderam à maior severidade da doença, no entanto, a análise de correlação de Pearson mostrou correlação baixa entre estas variáveis.
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- Bacharelado [1173]