O impacto de variáveis fiscais sobre o bem-estar na economia brasileira sob uma abordagem DSGE
Abstract
Resumo: Esse trabalho utiliza um modelo DSGE, calibrado com parâmetros que procuram espelhar algumas características da economia brasileira, para explorar a questão de como mudanças em variáveis fiscais afetam agentes econômicos ricardianos e não-ricardianos. As variáveis fiscais analisadas foram o investimento público, as transferências e a dívida, todos encarados como proporção do PIB; e também as alíquotas de impostos diretos e indiretos e as taxas juros reais. Foram feitos exercícios envolvendo steady states alternativos, em que as variáveis analisadas eram alteradas em relação a um steady state de referência. Então os steady states foram comparados em relação a diferenças no produto, na renda de classe de agente, na distribuição da renda e também em relação ao bem-estar, entendido aqui como um agregado dos níveis de consumo público e privado. Um aumento no investimento público como proporção do PIB, financiado a princípio por uma redução nos gastos correntes, leva a um novo steady state em que tais gastos na verdade aumentam em termos absolutos. Isso é possível pelo aumento na arrecadação gerado pelo aumento no PIB, que por sua vez é induzido pelo aumento do capital público de equilíbrio. Um aumento nas transferências como proporção do PIB leva a uma melhora no bem-estar das famílias não-ricardianas, mas à custa de uma redução do produto. Tal redução parece ocorrer devido à restrição de oferta de trabalho das famílias não-ricardianas induzida pelas maiores transferências. Mudanças nas alíquotas de impostos diretos e indiretos geram variações de bem-estar diferentes (inclusive em termos de sinal) entre as duas classes de famílias, devido aos diferentes impactos sobre a renda de cada classe e também diferentes preferências quanto ao consumo do governo. Abstract: This work employs a DSGE model, calibrated in such a way as to try to reproduce some characteristics of the Brazilian economy, to explore the matter of how shifts in fiscal variables affect differently ricardian and non-ricardian agents. The variables in question are public investment, transfers and public debt, all measured as rates of the GDP, as well as tax rates and real interest rates. A benchmark steady state was set, and then some exercises were carried out involving alternative steady states, in which the mentioned variables were changed. The new steady states were then compared to the benchmark to establish whether or not the GDP, the income of each group, the income distribution and the well being of each group, here understood as an aggregate of public and private consumption. A rise in public investment as a proportion of the GDP, financed at first by a reduction in current expenses, takes the economy to a new steady state in which these expenses also rise in absolute terms. This is made possible by the rise in the tax budget driven by the increase in the GDP, which in turn is induced by the greater public capital. A rise in transfers as a proportion of the GDP increases the well being of the non-ricardian families, but at the expense of the GDP. This GDP reduction seems to be caused by a supply restriction of the non-ricardian labor induced by the greater transfers. Changes in direct in indirect tax rates generate different impacts over the two classes of agents (some even with opposite signs), due to different impacts over the income of each class and also due to different preferences regarding government expenses.
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- Teses & Dissertações [9126]