A binariedade de gênero como controle sociopolítico

Abstract

Resumo: O presente trabalho busca compreender como a binariedade, homem e mulher, se inscreve na sociedade para controle sociopolítico. Para tanto, essa dissertação está dividida em três partes. A primeira busca analisar os conceitos de sujeito, sexo, gênero, sexualidade e corpo para Judith Butler, a fim de entender a tríade de sexo/gênero e (hetero)sexualidade, a qual mantem a norma binária. Em seguida, observaremos, pontualmente, a questão da cisgeneridade frente à transgeneridade. O segundo momento, discorre sobre a relação entre capitalismo, colonização e gênero, trazendo para a discussão a acentuação da binariedade de sexo/gênero na "transição" para o capitalismo, a partir de uma nova divisão sexual do trabalho e do domínio público do corpo da mulher, como "posse" do Estado e dos homens, com o ápice na caça às bruxas, com Silvia Federici; a colonialidade de gênero e seu efeito sobre os sujeitos, com Maria Lugones; e a colonização do povo Iorubá que transformou suas formas de organização e classificação de senioridade (relativa, relacional) para as de sexo/gênero binário (fixa, essencial). Dedicamos o último capítulo para uma breve análise acerca do reconhecimento para Vladimir Safatle, um reconhecimento antipredicativo frente às identidades estáticas. Mas não são todos as "pessoas" que são reconhecidas como tais, assim, retomamos Butler para pensar que vida é reconhecível enquanto vida e passível à luto. Esse luto que nos une e pressupõe uma relação do "eu" com "nós". Esse nós que nos permite pensar os "modos de ser despossuídos" e, assim, compreender a despossessão de si. Por fim, traçamos como saída às identidades estáticas, a política das alianças e a desobediência ao sexo/gênero.

Abstract: The present work seeks to understand how the binary, man and woman, is inscribed in society for sociopolitical control. Therefore, this dissertation is divided into three parts. The first seeks to analyze the concepts of subject, sex, gender, sexuality and body for Judith Butler, in order to understand the triad of sex/gender and (hetero)sexuality, which maintains the binary norm. Next, we will observe, punctually, the issue of cisgender versus transgender. The second moment discusses the relationship between capitalism, colonization and gender, bringing to the discussion the accentuation of the sex/gender binarity in the "transition" to capitalism, based on a new sexual division of labor and the public domain of the body of women as a "possession" of the State and men, with the pinnacle of witch hunting, with Silvia Federici; gender coloniality and its effect on subjects, with Maria Lugones; and the colonization of the Yoruba people, which transformed their forms of organization and classification from seniority (relative, relational) to gender/binary (fixed, essential). We dedicate the last chapter to a brief analysis about recognition for Vladimir Safatle, an antipredicative recognition against static identities. But not all "people" are recognized as such, so we return to Butler to think about what kind of life is recognizable as life and subject to mourning. This grief that unites us and presupposes a relationship of the "I" with "us". This "us" that allows us to think about the "ways of being dispossessed" and, thus, understand the dispossession of oneself. Finally, we draw as a way out of static identities, the policy of alliances and disobedience to sex/gender.