Avaliação do impacto da imunoterapia no tratamento de glioma de alto grau : revisão sistemática
Resumo
Resumo: Os gliomas de alto grau consistem em tumores cerebrais primários caracterizados pela rápida progressão e mau prognóstico, apesar do arsenal terapêutico disponível atualmente. As imunoterapias emergem como uma nova perspectiva para o tratamento de gliomas. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo investigar imunoterapias alvo-específicas no tratamento de gliomas, destacando seu perfil de efetividade e toxicidade. Para tal, foi conduzida revisão sistemática nas bases de dados Pubmed e Scopus utilizando os descritores "glioma", "immunotherapy", "immuno", "vacines", "clinical trial" e seus sinônimos. Na busca inicial dos estudos primários controlados, foram incluídos ensaios randomizados (ECR) e não randomizados (ECNR) que descreveram imunoterapias para o tratamento de gliomas de alto grau em humanos. Posteriormente, foram observados os critérios de exclusão, consistindo em estudos com radioimunoterapia ou administração intracraniana de terapias, além daqueles ensaios não escritos em algarismos romanos. A qualidade dos estudos incluídos foi avaliada pelas ferramentas de risco de viés da Colaboração Cochrane RoB e ROBBIBS-I para ECR e ECNR, respectivamente. Após triagem pelos títulos e resumos e leitura na íntegra dos estudos selecionados de acordo com os critérios de elegibilidade, foram incluídos 18 estudos clínicos, sendo sete destes randomizados (39,0%). Em relação a todas as intervenções imunoterápicas, 14 tratava-se de imunoterapia celular (77,8%), 1 baseada em caráter peptídico (5,5%), 2 utilizando anticorpo monoclonal (11,1%) e 1 viral e/ou nucleotídica (5,5%). Vale destacar também que, dentre os 14 estudos controlados que relataram desfechos de SG e/ou TLD, 12 desses (85,7%) foram com intervenções baseadas em CD. Outrossim, sete (38,8%) ensaios clínicos demonstraram impacto positivo na sobrevida livre de doença. Além disso, quatro estudos relataram melhoria da qualidade de vida nos pacientes tratados com imunoterapia. Na avaliação da qualidade dos ECR, foi observado que a maioria dos estudos (cerca de 90%) apresentou alto risco de viés, pelo domínio "outras fontes de viés". Paralelamente, 50% dos estudos apresentou alto risco de viés para os domínios de performance e detecção. Em relação aos ECNR, a maioria dos estudos apresentaram moderada qualidade (65%). Ademais, cerca de 27% dos estudos foram classificados como grave risco de viés. As intervenções baseadas em células dendríticas demonstraram resultados promissores no que tange ao tratamento de gliomas, por se tratar de uma terapia-alvo pouca tóxica aos pacientes e com um perfil de eficácia evidenciado por ensaios clínicos controlados. Contudo, a evidência da eficácia dessa vacina ainda continua incerta, uma vez que estudos mais robustos são necessários para geração de melhores evidências. A presente revisão conclui que, apesar de promissora, a terapia com imunoterápicos, em especial as relacionadas às células dendríticas, ainda necessita de estudos adicionais, visto a comprovada limitação da qualidade metodológica dos estudos analisados, elevada heterogeneidade entre eles, bem como falta de dados reportados por parte dos autores. Além disso, mais estudos correlacionando os biomarcadores e sobrevida nas intervenções em gliomas devem ser conduzidos para investigar provável influência no prognóstico dos pacientes. Abstract: High-grade gliomas consist of primary brain tumors characterized by rapid progression and poor prognosis, despite the currently available therapeutic arsenal. Immunotherapies emerge as a new perspective for the treatment of gliomas. In this sense, the present work aimed to investigate target-specific immunotherapies in the treatment of gliomas, highlighting its profile of effectiveness and toxicity. To do this, a systematic review was conducted on the Pubmed and Scopus databases using the descriptors "glioma", "immunotherapy", "immuno", "vacines", "clinical trial" and their synonyms. In the initial search for controlled primary studies, randomized (ECR) and nonrandomized (ECNR) trials that described immunotherapies for the treatment of high-grade gliomas in humans were included a priori. Subsequently, the exclusion criteria were observed, consisting of studies with radioimmunotherapy or intracranial administration of therapies, in addition to those tests not written in Roman numerals. The quality of included studies was assessed by the Cochrane Collaboration RoB and ROBBIBS-I bias risk tools for ECR and ECNR, respectively. After screening the titles and abstracts and reading the selected results according to the eligibility criteria, 18 clinical studies were included, of which seven were randomized (39.0%). For all immune guidelines, 14 were cellular immunotherapy (77.8%), 1 based on peptide (5.5%), 2 with monoclonal antibodies (11.1%) and 1 viral and / or nucleotide (5.5%). It is also worth noting that among the 14 controlled studies reporting OS and / or PFS outcomes, 12 of these (85.7%) were with DC-based anchors. In addition, seven (38.8%) marriages showed a positive impact on disease-free survival. In addition, four studies reported improved quality of life in patients with immunotherapy. In the evaluation of the quality of the ECR, it was observed that most of the studies (about 90%) presented a high bias risk, due to the "other sources of bias" domain. At the same time, 50% of the studies presented a high bias risk for the performance and detection domains. Regarding NRTIs, most of the studies presented moderate quality (65%). In addition, about 27% of the studies were classified as serious risk of bias. The interventions based on dendritic cells have shown promising results regarding the treatment of gliomas, because it is a target therapy that is not very toxic to patients and has an efficacy profile evidenced by controlled clinical trials. However, evidence of the effectiveness of this vaccine remains uncertain, as more robust studies are needed to generate better evidence. The present review concludes that, although promising, therapy with immunotherapeutics, especially those related to dendritic cells, still needs additional studies, since the proven limitation of the methodological quality of the studies analyzed, high heterogeneity among them, as well as lack of data reported by the authors. In addition, further studies correlating biomarkers and survival in glioma interventions should be conducted to investigate likely influence on patient prognosis.
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