Saúde mental no trabalho - sujeito, sintonia e clínica : por uma incidência do discurso psicanalítico no campo da saúde do trabalhador
Visualizar/ Abrir
Data
2014Autor
Ragnini, Elaine Cristina Schmitt, 1977-
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: A depressão é atualmente a principal causa de incapacitação para o trabalho em professores de uma instituição de ensino superior pública federal. Esse quadro revela uma tendência universal prevista pela Organização Mundial da Saúde. As teorias e práticas constituídas no campo que faz a interface da saúde com o trabalho e se disponibiliza a tratar desses pacientes, atribuem a causa do adoecimento ou ao organismo/corpo ou aos processos sociais de trabalho. Diante disso, compreende-se que há uma insuficiência nas teorias e práticas concernentes ao campo, já que estas desconsideram o sujeito do inconsciente na compreensão do adoecimento psíquico. Parte-se do discurso psicanalítico para inferir que os quadros diagnósticos de depressão, em sua relação com o trabalho, são um sintoma social que sinaliza o mal-estar do sujeito com a civilização na atualidade. Para tal, resgata-se em Sigmund Freud o conceito de mal-estar em sua relação com a sexualidade humana e busca-se em Jacques Lacan a referência da teoria dos discursos para compreender que a depressão é uma doença do laço social. Portanto, a incidência do discurso psicanalítico neste campo da saúde e trabalho resgata e põe em cena o sujeito do inconsciente, e com isso questiona: a construção diagnóstica da depressão; as formas de tratamento para esse adoecimento psíquico; a medicalização do sofrimento e da tristeza; o ideal de saúde e bem-estar em vigor na sociedade; e a naturalização e a universalização da doença. Aposta-se no discurso psicanalítico e seus efeitos na civilização e no campo da saúde e trabalho, como forma de questionar a ordem social vigente em sintonia com o sistema de capital. Busca-se no sintoma a via para resgatar o sujeito do inconsciente, considerando a particularidade de cada caso. Assim, empreende-se um trabalho de tese ancorado no método psicanalítico, que tem como desfecho a proposta de que um trabalho clínico, afeito à política da psicanálise, possa recolocar o sujeito na cena dos processos de adoecimento no trabalho, abrindo a possibilidade de que este possa se responsabilizar por seu sintoma e se guiar mais em conformidade com seu desejo. Isso tem efeitos para o campo social na medida em que questiona e trata do mal-estar, subvertendo a ordem vigente. Abstract: Depression is currently the leading cause of work disability in teachers of a public federal higher education. This table shows a universal trend foreseen by the World Health Organization. Theories and practices established in the field act as an interface between health and work; they offer to treat these patients, and attribute the cause of illness either to the organism/body or to social work processes. Therefore, we understand that there is a failure in the theories and practices pertaining to the field, since they ignore the subject of the unconscious in the understanding of mental illness. From the psychoanalytic discourse, we believe that the diagnosis of depression, in its relation to work, is a social symptom that signals the malaise of the subject with the civilization today. To this end, we turn to Sigmund Freud's concept of malaise in its relation to human sexuality and we use Jacques Lacan's reference on discourse theory to understand that depression is a disease of social bond. Therefore, the incidence of psychoanalytic discourse in this field of work and health rescues and brings into play the subject of the unconscious. Moreover, with that, it questions a diagnostic construction of depression; forms of treatment for this mental illness; medicalization of suffering and sorrow, the optimal health and well-being in force in society, and naturalization and universalization of the disease. We bet on the psychoanalytic discourse and its effects on civilization and in the field of work and health as a way of questioning the social order in line with the system of capital. We search on the symptoms the way to rescue the unconscious subject, considering the particularity of each case. Thus, one undertakes the thesis anchored in psychoanalytic method, which has as an outcome the proposal that a clinical work, used to psychoanalysis politics, can replace the subject in the scene of the processes of illness at work, opening the possibility that this may be responsible for your symptoms and guided more in accordance with your desire. This has effects on the social field in that it questions and treats malaise, subverting the existing order. Résumé: La dépression est actuellement la principale cause d'incapacité au travail pour les professeurs dans l'enseignement supérieur public fédéral. Ce fait révèle une tendance universelle prévue par l'Organisation Mondiale de la Santé. Les théories et pratiques établies dans le domaine de la santé au travail qui traitent de ces patients attribuent la cause de la maladie aux processus sociaux du travail. Par conséquent, on comprend qu'il y a une insuffisance dans les théories et les pratiques relatives au domaine, car elles ignorent le sujet de l'inconscient dans la compréhension de la maladie psychique. On partira du discours psychanalytique pour déduire que les cadres diagnostic de dépression, dans la relation au travail, sont un symptôme social qui signalent le malaise du sujet avec la civilisation actuelle. À cette fin, on reprendra de Sigmund Freud le concept de "malaise" dans sa relation avec la sexualité humaine et on recherchera chez Jacques Lacan la référence de la théorie des discours pour comprendre que la dépression est une maladie du lien social. Ainsi l'incidence du discours psychanalytique dans ce domaine de la santé et du travail reprend le sujet de l'inconscient, et avec cela, questionne la construction diagnostique de la dépression, les formes de traitement pour cette maladie psychique, la médicalisation de la souffrance et de la tristesse, l'idéal de santé et de bien-être en vigueur dans la société, la nature et l'universalisation de la maladie. On utilise le discours psychanalytique et ses effets sur la civilisation dans le domaine du travail et de la santé, comme un moyen de questionner l'ordre social en vigueur en syntonie avec le système du capital. On cherche dans le symptôme la voie pour sauver le sujet de l' inconscient, tenant compte de la particularité de chaque cas. Ainsi, on entreprendra un travail de thèse basé sur la méthode psychanalytique, qui a comme objectif de dénouer une proposition de travail clinique, habitué à la politique de la psychanalyse, qui puisse replacer le sujet dans la scène des processus de maladie au travail, ouvrant la possibilité pour le sujet de se responsabiliser au sujet de son symptôme et de se guider en conformité avec son désir. Cela a des effets sur le plan social dans la mesure où l'on questionne et traite le malaise en renversant l'ordre existant.
Collections
- Teses & Dissertações [9363]