O Processo de ensino/aprendizagem da viola caiçara na ilha de Valadares : possibilidades e limites de sua didatização
Resumo
Resumo : Esta dissertação apresenta os resultados da investigação sobre processos de
ensino/aprendizagem musicais relacionados aos saberes tradicionais das violas
caiçaras da Ilha dos Valadares (Paranaguá/PR) e as possibilidades de sua
didatização; tendo o manual didático como foco de discussão deste processo.
Usaram-se de aportes teóricos da etnografia educacional, a partir de Elsie Rockwell
e Justa Ezpeleta, somados a entrevistas e observação participante com a finalidade
de levantamento de dados. Fez-se, também, revisão de literatura, buscando
trabalhos relacionados aos fandangos caiçaras e as suas formas de transmissão de
conhecimento; as violas brasileiras e as violas caiçaras. Neste processo se
encontrou definições importantes sobre o processo de ensino/aprendizagem no
fandango, a imitação criativa, e sobre os manuais didáticos. Através da experiência
de campo, bem como das entrevistas, pode-se elencar aspectos recorrentes entre
as pesquisas encontradas, as falas dos mestres entrevistados e as práticas de
transmissão observadas. Percebeu-se que hoje, ao contrário do que ocorria anos
atrás, existem momentos e espaços voltados para a transmissão do fandango como,
por exemplo, as oficinas ministradas por Mestre Zeca na Fundação Cultural da
Cidade de Paranaguá. A despeito deste fato se observa que a maior parte dos
processos de ensino/aprendizagem acontecem em momentos como a romaria da
Folia do Divino Espírito Santo, quando se toca fandango nos momentos de
descontração. Verificou-se a importância de novos movimentos com participação de
diversos atores do fandango como o projeto de salvaguarda "Ô de Casa!" que
permite momentos de ensino/aprendizagem e de formação de novos grupos como o
Grupo Mestre Eugênio – da Ilha dos Valadares – que tem propiciado momentos de
aprendizado para crianças. Observou-se que aprender a viola caiçara é também
aprender uma identidade cultural. As discussões sobre as possibilidades de
didatização dos toques da viola caiçara se mostraram profícuas já que: a) esse é um
processo que já acontece com outras violas em território nacional; b) os mestres
caiçaras já se preocupam com a didatização; c) já aconteceram movimentos dos
próprios mestres no sentido se produzir materiais didáticos. Indica-se, assim, que
possíveis pesquisas possam se voltar para a confecção de manuais didáticos para
ensino violas caiçaras.
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