Exu : uma construção teórica na literatura infantojuvenil
Resumo
Resumo : Partindo da releitura da peça A tempestade, de William Shakespeare (1982), alguns estudiosos conferem sentido metafórico às atitudes das personagens Ariel e Calibã na relação com o dominador Próspero. Ao primeiro atribuem experiência de assimilacionista e de submissão (RODÓ, 2004); ao segundo cabe a atitude nacionalista e de resistência (RETAMAR, 2003). Já Aimé Césaire (1969), em sua Une tempête, utiliza a figura metafórica de Exu para transcender as experiências de Ariel e Calibã. Exu, assim, desempenha uma atitude catalista ao combinar Ariel e Calibã (GATES, 1988). Nesse contexto, Ferreira (2004) estabelece os estágios de submissão, impacto, militância e articulação pelos quais o afrodescendente pode passar na construção de suas identidades. Para Stuart Hall (2001), esse deslocamento identitário configura o caráter de pluralidade às "celebrações móveis". A partir dessas considerações teóricas, o objetivo dessa monografia é analisar as atitudes exuístas – comportamentos interraciais – na literatura infantojuvenil. Utilizam-se as personagens negras: Bel e Vânia, de Pretinha, eu? de Júlio Emílio Braz (1997). A dinâmica metodológica do estudo acontece por meio de análise das duas personagens, com ênfase nas metáforas de atitudes irreverentes ou conciliadoras do Exu literário.