Avaliação do tratamento supressivo com levotiroxina na doença nodular de tireoide : resultados de um estudo clinico prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado com placebo
Resumo
Resumo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do tratamento supressivo com levotiroxina em reduzir o tamanho de nódulos tireoideanos clinicamente solitários. Os critérios para inclusão dos pacientes no estudo foram: nódulo frio ou morno a cintilografia, neste ultimo caso suprimível com o uso de hormônio tireoideano; nódulos sólidos ou predominantemente sólidos a ecografia; e resultado citológico da PAAF de lesão negativa para malignidade. Critérios de exclusão foram: mais do que um nódulo palpável, nódulos quentes ou mornos não suprimíveis pelo uso do hormônio tireoideano; císticos ou predominantemente císticos a ecografia, achados sugestivos ou positivos para malignidade na PAAF; gestação e qualquer contraindicação para terapia supressiva de tireoide. Um total de 48 pacientes foram randomizados para receber levotiroxina (n = 25) ou placebo (n = 23) por um período de 1 ano. A dose de levotiroxina (LT) foi de 200 (ig/dia para pacientes com menos de 70 kg e 250 [ig/dia para aqueles pesando mais do que 70 kg. Foi realizada ecografia de alta resolução antes e apos 6 e 12 meses de tratamento, para avaliar as mudanças no tamanho dos nodulos. Dosagens de TSH-sensivel (TSH-S) e prova do TRH foram realizadas para confirmar a supressão do eixo hipofisario-tireoideano, correlacionando-se os níveis basais de TSH-S com suas respostas na prova do TRH. A tireoglobulina (TG) foi dosada com intuito de verificar sua possível utilidade como um "marcador bioquímico" da eficácia do tratamento supressivo. Apos 1 ano, ocorreu diminuição do volume nodular em 44% dos pacientes do grupo levotiroxina (GT) contra 35% do grupo placebo (GP). A diferença entre os dois grupos nao foi significativa. Aos 6 meses, ocorreu uma significativa diminuição do volume nodular médio no GT (p < 0,05; teste t de Student), mas aos 12 meses a diminuição no volume nodular não foi significativa. No GP, ocorreu um aumento significativo no volume nodular médio após 6 e 12 meses de acompanhamento (p < 0,05; teste t de Student). Foram usados parâmetros clínicos e laboratoriais para identificar um possível subgrupo de nódulos mais responsivos a LT. O único parâmetro que demonstrou relação de dependência com a resposta a medicação foi a característica cintilografica: os nódulos frios responderam melhor do que os nódulos mornos. No presente estudo, o efeito da terapia supressiva com LT para nódulos solitários de tireoide não foi diferente de placebo após 1 ano de tratamento. Entretanto, e possível que exista um subgrupo de nódulos que respondam a LT. Embora se tenha atingido uma supressão adequada em todos os pacientes do GT, nenhuma correlação foi encontrada entre os níveis basais de TSH-S e suas variações na prova do TRH. De modo similar, os níveis de TG não se correlacionaram com as mudanças no volume dos nódulos em nenhum dos dois grupos do estudo. Abstract: The purpose of the present study was to evaluate the effect of thyroid suppression therapy on clinically solitary thyroid nodules. Criteria for inclusion were the following features of the nodule: "cold" or "warm" on thyroid scintigraphic scanning (in the latter case, suppressible with thyroid hormone); solid or predominantly solid on ultrasonography; and negative for malignancy by fine-needle aspiration biopsy. Exclusion criteria were: more than one palpable nodule; "hot" or "non-suppressible-warm" nodule on scintigraphic scanning; cytologic findings suggestive of a neoplasy by fine-needle aspiration biopsy; cystic or predominantly cystic nodule on ultrasonography, and pregnancy or any other contraindication for thyroid suppression therapy. A total of 48 patients were randomly assigned to receive either levothyroxine (n = 25) or placebo (n = 23), for a one-year period. The dose of levothyroxine (LT) given was 200 (ig/day for patients weighing less and 250 ug/day for those weighing more than 70 kg. High-frequency ultrasonography was performed before, at six months, and after one year of treatment, to evaluate changes in nodule size. TSH-sensitive (TSH-S) levels and TRH test were performed to confirm the suppression of thyrotropin. The TSH-S basal level and its variation with TRH test were correlated. Thyroglobulin (TG) was measured to evaluate its possible usefulness as a "biochemical marker" of thyroid suppression. After one year, nodule volume was reduced in 44% of LT-treated patients, and in 35% of patients given placebo. The difference between the two groups was not significant. At six months, there was a significant reduction in mean nodule volume in the LT-treated group (p < 0,05; Student's t test). At one year, however, this volume reduction was no longer found to be significant. In the placebo group, there was a significant increase in the mean nodule volume at both six months and one year (p < 0,05; Student's t test). Clinical and laboratory parameters were used to identify a possible subgroup of nodules more responsive to LT. The only parameter found to be relevant was the scintigraphic features of the nodule: "cold" nodules responded better than "warm" nodules. The present study shows that the effect of LT-suppressive therapy on solitary thyroid nodules is not diferent from placebo, after one year of treatment. It is possible, however, that there exists a subgroup of nodules that respond to LT. Despite the fact that adequate thyroid suppression was achieved in all patients, no correlation was found between basal levels of TSH-S and their variations on the TRH test. Similarly, TG levels did not correlate with nodule volume changes, ineither group.
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