Glutamina oral na cicatrização de anastomoses colônicas em ratos
Resumo
Resumo: Introdução: Evidências recentes sugerem que a Glutamina é uma das fontes energéticas primárias do cólon. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da suplementação oral de Glutamina na cicatrização de anastomoses colônicas em ratos. Material e Método: Foram utilizados 48 ratos Wistar machos, adultos, com peso médio de 174,41 ± 37,39g e alocados em gaiolas individuais. Todos os animais receberam água ad libitum e ração para ratos. Os ratos foram randomizados para receber solução isonitrogenada e isovolumétrica na dose de 1,5 g/kg/dia de LGlutamina a 10% (grupo GLN) ou de Glicina a 10% (grupo GLY) via sonda orogástrica durante 7 dias antes da operação e por mais 2 ou 7 dias de pós-operatório (PO), conforme o subgrupo pertencente. No oitavo dia, os animais foram anestesiados e duas secções colônicas foram realizadas, sendo uma 6 cm do ostium ileale (válvula íleocecal) e outra 5 cm distais à primeira. Foram confeccionadas anastomoses términoterminais em plano único, evertido, utilizando 8 pontos separados de nylon 6.0. Em seguida, os animais foram mantidos em gaiolas individuais e tiveram livre acesso à água e ração. No terceiro, bem como no oitavo dia de PO metade dos animais de cada grupo foi morta e as duas anastomoses de cada animal foram conservadas, alternadamente, em solução salina a 0,9% e formalina à 10% para estudos de resistência à tração e histológico (HE e Densitometria do Colágeno), respectivamente. Foram avaliados também os parâmetros clínicos: variação de peso, ingesta alimentar média, índice de aderências intra-abdominais e número de óbitos. A análise estatística incluiu os testes t de Student e Kruskal Wallis. Resultados: Não houve diferença significativa nos parâmetros clínicos entre os animais dos grupos GLY e GLN. Não houve diferença com relação à Força Máxima de Tração quando analisados tanto os grupos (GLY vs. GLN) quanto os subgrupos (GLY 3 vs. GLN 3 e GLY 8 vs. GLN 8). A Força de Ruptura Completa foi significativamente maior no grupo GLN (GLN: 0,068 ± 0,045 kgf vs. GLY: 0,042 ± 0,027 kgf, p=0,04). A média do infiltrado monomorfonuclear foi significativamente menor no grupo GLN em relação ao grupo GLY (p=0,04). A Densitometria do Colágeno demonstrou área percentual maior ocupada pelo Colágeno tipo I (maduro) no grupo GLN: 58,65 ± 11,70% vs. GLY: 41,79 ± 10,54% (p=0,0000), bem como nos subgrupos GLN 3: 54,22 ± 10,02% vs. GLY 3: 41,92 ±13,31% (p=0,04) e GLN 8: 62,63 ±12,13% vs. GLY 8: 41,67 ± 7,69% (p=0,0004). O Colágeno tipo III (imaturo) ocupou menor área percentual nas anastomoses dos animais pertencentes ao grupo GLN e subgrupos GLN 3 e GLN 8 (p=0,0000; p=0,04 e p=0,0003, respectivamente). Conclusões: Conclui-se que a suplementação oral de Glutamina durante o período peri-operatório aumenta a Força necessária à Ruptura Total das anastomoses e a área percentual ocupada pelo Colágeno tipo I (maduro) nas anastomoses no 3o e 8o dias de PO. Descritores: 1 - Glutamina; 2 - Anastomose cirúrgica - cólon - cicatrização de feridas. Abstract: Background: Recent evidences have suggested that Glutamine is one of the primary
energy sources of the colon. The aim of this study was to evaluate the effects of oral
Glutamine supplementation on the healing of colonic anastomoses in rats. Methods
and Materials: Forty-eight adult male Wistar rats, weighing 174,41 ± 37,39g were
housed in individual cages. All rats had free access to water and standard rat chow.
The rats were randomized to receive daily, during 7 days before the operation and
during the post-op period, 10% L-Glutamine (GLN group) or 10% Glycine (GLY
group) in isonitrogenous and isovolumetric solutions, at 1.5g/kg/day, through an
orogastric tube. On the 8th day rats were anesthetized and subjected to 2 colonic
transections, one 6 cm distal from the ostium ileale (ileocecal valve) and another 5
cm distal from the first. Bowel continuity was restored by two end-to-end, single layer,
everted, anastomoses with 8 interrupted sutures (6/0 nylon). After the operation, rats
were kept in individual cages and had free access to water and rat chow. One half of
the rats of each group were then killed either on the post-op day 3 or post-op day 8 and
the two colonic anastomoses of each animal were resected and stored in 0.9% saline
and 10% formalin for tensile strength and histologic (HE and Collagen Densitometry)
studies, respectively. Clinical parameters were also recorded: weight changes, mean
food intake, intrabdominal adherences and deaths. Student's t and Kruskal Wallis tests
were used for statistical analysis. Results: Clinical parameters were similar in both
groups. There was no difference in Maximum Tensile Strenght between groups (GLY
vs. GLN) and subgroups (GLY 3 vs. GLN 3 e GLY 8 vs. GLN 8). Total Rupture
Strenght was significantly higher in the GLN group (GLN: 0.068 ± 0.045 kgf vs. GLY:
0.042 ± 0.027 kgf, p=0.04). The mean monomorfonuclear infiltrate was significantly
smaller in GLN group (p=0.04). The Collagen Densitometry analysis demonstrated
Type I (mature) collagen percentual area greater in the group GLN: 58.65 ± 11.70%
vs. GLY: 41.79 ± 10.54% (p=0.0000), as well as in the subgroups GLN 3: 54.22 ±
10.02% vs. GLY 3: 41.92 ±13.31% (p=0.04) and GLN 8: 62.63 ±12.13% vs. GLY 8:
41.67 ± 7.69% (p=0.0004). Type III collagen (immature) percentual area was
significantly smaller in group GLN colonic anastomoses (GLN: p=0.0000; GLN 3:
p=0.04 and GLN 8: p=0.0003, respectively). Conclusions: Oral peri-operative
Glutamine supplementation increases Total Rupture Strenght and improves the
percentual area of Type I (mature) colagen at the anastomoses sites on post-op days 3
and 8.
Key Words: 1 - Glutamine; 2 - Surgical anastomosis - colon - wound healing.
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