Um estudo comparativo entre Francesco Gasparini e os trataditas portugueses do baixo contínuo
Resumo
Resumo: Portugal viveu, no século XVIII, um momento musical que reflete a influência italiana
de forma decisiva. A presença de importantes compositores, cantores, cenógrafos e
instrumentistas italianos, bem como a ida de aprendizes lusitanos à Itália, refletem
uma verdadeira adoção da música barroca italiana. Neste período, a música italiana
é não apenas apresentada nas igrejas, na corte e nos teatros públicos, mas também
assimilada e transformada numa tradição lusitana. Surgem importantes
compositores influenciados por este estilo musical, e a própria teoria desenvolve-se
a partir dele. Neste trabalho apresento um estudo de seis obras teóricas
portuguesas que abordam o baixo contínuo, ou seja, a prática do acompanhamento
realizada por instrumentos harmônicos característica do período barroco. As obras
perfazem todo o período da teoria do baixo contínuo em Portugal, e sua abordagem
se dá à luz de uma importante fonte e influência da teoria musical italiana, o
Armonico Pratico al Cimbalo (1708), de Francesco Gasparini. Abordando o
desenvolvimento da teoria do baixo contínuo na Itália, busco tecer uma relação com
as obras portuguesas ao longo de todo o período, assim como uma contextualização
na prática musical, cuja demanda motivou a publicação destas obras em língua
pátria. A partir destes fatores, é possível notar que, se por um lado os primeiros
tratados ecoam em grande medida os ensinamentos italianos, um desenvolvimento
teórico significativo se dá sobretudo a partir do Novo Tratado de Música, Metrica e
Rythmica (1779), de Francisco Ignacio Solano - ainda que a aplicação do baixo
contínuo contemporânea ao tratado se desse numa prática em parte conservadora,
se comparada à atividade dos grandes centros musicais europeus.
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