Do Arena ao CPC : o debate em torno da arte engajada no Brasil (1959-1964)
Resumo
Resumo: Este trabalho procura enfocar as discussões e debates sobre a arte engajada no período de 1959 a 1964. Neste curto espaço de tempo, as contradições que emergiram das atividades realizadas pelo Teatro de Arena de São Paulo, pelo Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes e pelo Cinema Novo, foram fundamentais na constituição de
linguagens artísticas com traços do conceito nacional-popular. A leitura que se fez da cultura
popular, mote para a elaboração de políticas culturais, variou de sentido e significado conforme o referencial teórico de cada protagonista que se dispôs pensar, pressupondo sua
função prática, uma definição "correta" de cultura popular. Nesse contexto, de criatividade e
efervescência cultural como normalmente se define, o "manifesto do CPC" não representa o
pensamento de uma geração de estudantes, artistas e intelectuais que se engajaram às
demandas políticas da época. Se, via de regra o documento é apresentado como síntese da
produção artística e intelectual de alguma forma vinculada ao CPC, isso se deve ao fato de
que, sobretudo na década de 80, pesquisadores e críticos, com intenções específicas, não
deram oportunidades a outros interlocutores de se manifestarem. Nessa brecha é que situamos Carlos Lyra. Como criador e mediador cultural, o compositor pode ser analisado ao mesmo tempo como síntese e dissonância dos discursos e debates sobre a cultura popular, sobre a função social da arte e sobre o engajamento do artista de classe média às causas nacionalistas.
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