A morte na ficção literária
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Data
2002Autor
Carvalho, Marilza Izidro Vieira Pacheco de
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Resumo: A intersecção entre Literatura e Psicanálise fomenta a temática desta dissertação. Se é fato que a letra é o ciframento da marca da finitude humana, a leitura das obras literárias do viés da análise freudiana do texto será o instrumento por meio do qual se verificará esta marca de morte talhada em escrita. Para a realização de tal intento a personagem de ficção, pelo pressuposto de ser mais desnudada que o ser de came e osso, servirá tanto como ponto de partida quanto como o eixo direcionador para o diálogo com o objeto principal. Durante a sua existência, o homem sabe que a morte é, de todas as experiências humanas, a única que não se realizará em sua plenitude. Então, por que é a de mais difícil enfrentamento? Em tomo de tal questão este trabalho é construído. Partindo da premissa que este trabalho transita entre duas disciplinas, as teses freudianas são utilizadas como recurso para análise das obras literárias, através de seus protagonistas e seus enredos. Enredos que trazem como marca de suas narrativas a presença desta condição inexorável à vida: a aproximação da própria morte ou a assistência à morte de outrem, um ente amado. O texto produzido ao longo deste estudo emerge da confluência de dois modos de escrita acerca das tramas humanas. Por uma parte, na transformação teórica daquilo que é vivido subjetivamente. Por outra parte, na criação imaginária pertencente ao vivido ficcional. Assim, a transdisciplinaridade é o motor que aciona e conduz o percurso que ora abre seu horizonte. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é recurso fundamental para o processo de interiocução, pois estando seu protagonista morto, estabelece a dobradiça para o diálogo entre a psicanálise e as demais obras ficcionais. Assim, a partir do além e através de suas memórias, a neurose é descrita. Para concluir o trajeto fez-se necessário refletir o homem e sua efemeridade, a solidão irrevogável no encontro com sua hora, a densa e irretratável melancolia de seu luto, e a infinita e desigual disputa com a morte, em que o nome do derrotado foi gravado no dia de sua concepção. Predestinado, embora consciente deste fado, se insurgirá contra o impossível, até o apagar da última estrela. Abstract: The intersection between Literature and Psychoanalysis underlies the subject of this dissertation. If it is true that writing is the codification of the mark of man's finiteness, the reading of literary works, under the Freudian perspective, will be the instrument to examine this mark of death engraved in writing. For the accomplishment of such idea, the fictional character, more denuded than a real being, will be used as a start point and direction for the discussion with the main object Of all human experiences, man is aware that death is the only one that won't develop to its fullest during his lifetime. So, why is it the most dreaded one to come to terms with? Around this question this work has been built. From the premises that this work transits between two subjects, Freudian prepositions are used as tools for the analysis of literary works, through characters and plots. Plots that bring as mark of the narrative the presence of the inexorable condition of life: the coming of one's own death or the assistence of someone else's death, a beloved person. The text produced along this study emerges from the confluence of two distinct ways of writing about human conflicts. On one hand, through the theoretical transformation of what has been lived subjectively. On the other one, in the imaginary creation related to what has been lived fictionally. Thus, transdisciplinarity is the engine that triggers off and leads the course that now opens up. Memórias Póstumas de Brás Cubas, a novel by the Brazilian writer Machado de Assis, is a fundamental resource for the interlocution process, for its deceased protagonist establishes the hinge for the dialog between psychoanalysis and other fictional works. Thus, from the other side and through his recollections, neurosis is explained. To conclude the trajectory, it was necessary to bring about man's transitoriness, the lonely and irrevocable encounter with his final moment, the dense and unchangeable melancholia of his mourning, and the infinite and unequal dispute with death, where the defeated's name had been engraved at the very day of his conception. Predestined, however aware of his fate, he will revolte against the impossible, until the last star has been extinguished.
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- Teses & Dissertações [9330]