Equilíbrio com desemprego em um contexto de preços e salários flexíveis : uma abordagem a partir de um modelo não-linear caracterizado como ciclo-limite
Resumo
Resumo: O presente trabalho retoma o debate entre Keynes e os (neo) clássicos sobre os determinantes da posição de equilíbrio de longo prazo da economia. Como mostrou Keynes na Teoria Geral, com base no princípio da demanda efetiva, não existem forças endógenas capazes de gerar e manter a plena ocupação dos fatores sendo, portanto, o equilíbrio com capacidade ociosa (abaixo do pleno-emprego) - de fato - a condição normal da economia capitalista. A reação do pensamento convencional, naquilo que ficou conhecida como síntese neoclássica, buscou demonstrar que as proposições da economia - no que tange a determinação dos níveis de produto e emprego - ainda poderiam ser descritas pelo pensamento econômico clássico, em que, segundo estes, garantido as condições normais de flexibilidade de preços e de salários, haveria forças endógenas capazes de fazer com que a economia convergisse para o equilíbrio com pleno-emprego. Mais especificamente, o que estes autores buscaram mostrar é que o modelo proposto pela macroeconomia keynesiana era válido somente no curto prazo, onde as flutuações econômicas eram explicadas, principalmente, pela rigidez de preços e de salários. Essa conclusão baseia-se principalmente sobre a hipótese da atuação do efeito riqueza real (efeito Pigou). Entretanto, esta hipótese é altamente contestável, uma vez que a deflação dos salários nominais também gera efeitos recessivos na economia, os quais, se suficientemente forte, podem neutralizar e até mesmo reverter o efeito riqueza real. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo principal demonstrar, através de um modelo dinâmico não-linear, a preposição da economia keynesiana, qual seja, que o equilíbrio de longo prazo ocorre com subutilização de recursos. Para tanto, desenvolve-se um modelo dinâmico a partir de duas equações diferenciais (caracterizado como ciclo-limite) em que demonstra-se que a economia pode ficar flutuando ao redor de um ponto de equilíbrio de longo prazo caracterizado pela presença do desemprego involuntário. Mais especificamente, demonstra-se que não existem forças que garantem a convergência da economia a sua posição de pleno-emprego, tal como propunham os economistas da síntese neoclássica. Cabe ressaltar, que a opção pela não linearidade está no entendimento de que os argumentos apresentados no capítulo 19 da TG passam a ser melhor representados por essa formalização, uma vez que identifica-se que os efeitos contraditórios de uma deflação de preços sobre a demanda agregada ocorrem de forma simultânea, em um determinado intervalo de tempo, de tal forma que é provável que existam intervalos onde o efeito positivo de uma deflação de preços sobre a demanda agregada sejam superiores aos efeitos negativos, enquanto que para outros intervalos esse resultado passa ser invertido.
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